No dia 31 de janeiro de 2023, depois de muito mistério, o diretor e roteirista James Gunn divulgou em um vídeo especial todo line-up da primeira parte do que muito em breve seria o novo Universo DC. E durante sua apresentação e algumas entrevistas que Gunn deu ao lado de seu parceiro de produção Peter Safran, foi possível notar que o que está sendo planejado para o futuro das adaptações da DC Comics pode ser algo nunca antes visto na história do entretenimento — e eu acredito que isso pode ser o diferencial que vai alavancar ainda mais o status de sucesso DC.
UM UNIVERSO DIFERENTE DE TUDO
Declarações feitas em entrevistas prévias e confirmadas na apresentação oficial revelaram que parte da estrutura do novo DCU está na ideia de universo compartilhado similar a co-irmã Marvel faz com seus filmes e agora séries. Entretanto, Gunn e Safran revelaram que seus planos para esse universo também incluirão séries e filmes animados e até mesmo os games, fazendo com que os atores e atrizes escalados para seus papéis em live-action também cedam suas vozes e captura de movimento para os demais projetos nessas mídias no período de 8 a 10 anos nessa primeira fase do projeto.
A ideia apresentada pela dupla se mostra bastante inovadora na teoria ao mesmo tempo em que ela aparenta ser muito perigosa na prática. Pense bem, se já é difícil conciliar a participação de um grande ator ou atriz no cinema e na TV por muito tempo, imagine estender um contrato para uma outra grande mídia como a dos vídeo games nesse mesmo período?
Gunn e Safran pretendem trazer uma ideia nunca antes vista em Hollywood, e qualquer deslize nesse campo minado das ideias terá grande impacto no mundo do entretenimento. A única opção dos fãs é a de confiar que o a criativa mente de ambos os produtores levará o universo para o alto e avante com êxito similar a seus recentes projetos já lançados pela DC.
MUITO MAIS LIBERDADE CRIATIVA
É muito importante para mim que os roteiristas e diretores que estão nos projetos dêem sua própria expressão, assim como fazem nos quadrinhos, nem sempre tudo parece igual. Nem tudo tem sempre a mesma expressão.
— Fala de James Gunn durante a apresentação do line-up
O primeiro capítulo desse novo universo recebeu o título de Deuses e Monstros, e observando o line-up de projetos anunciados nesse primeiro momento, é possível notar que a DC Studios pretende diversificar o estilo de seus projetos, variando desde o terror com o Monstro do Pântano até o épico espacial com a Supergirl.
Ainda falando sobre variedade, é possível notar que a primeira fase do estúdio também pretende variar suas aventuras com grandes nomes como Superman e Batman protagonizando seus projetos ao lado de outros menos conhecidos pelo grande público, como é o caso de Creature Comandos e do Gladiador Dourado.
Além disso, a declaração vista logo acima animou bastante os fãs (incluindo esse que escreve) ao mostrar que um dos principais focos da dupla de produtores não está em apostar em seus heróis apenas pelo dinheiro, mas eles também buscam respeitar a visão criativa que os responsáveis por essas histórias terão com esses personagens tão amados, pois eles entendem que o grande público está fadigado de sair no cinema vendo a mesma fórmula se repetir de novo e de novo e precisam saber que o futuro não depende apenas de uma cena pós-crédito.
MAS E O QUE JÁ ESTÁ PRONTO?
Outro ponto mencionado durante a apresentação do line-up foi a confirmação do DC Elseworlds, selo já conhecido nas HQ's que apresenta histórias que se passam em um mundo à parte da principal linha cronológica dos quadrinhos e que, nos cinemas, pretende separar projetos já consagrados pelo público antes da entrada dessa nova gestão em outras terras do Multiverso — como no caso de The Batman feito por Matt Reeves, o Coringa de Todd Phillips e a animação Teen Titans Go!.
O conceito do multiverso já foi apresentado anteriormente pela própria DC no Arrowverso e ganhará ainda mais destaque no filme solo do Flash que estreia em junho, mas a partir do momento que o estúdio oficializa esse artifício para explorar seus projetos consolidados, existe um receio de que o selo Elseworlds crie uma confusão na mente de algumas pessoas que não acompanha tanto os quadrinhos e vão acabar caindo de paraquedas em filmes com dois Batmans diferentes coexistindo.
Contudo, é provável que esse tipo de confusão midiática tenha prazo de validade apenas (ao menos nos cinemas), fazendo com que os projetos já em desenvolvimento possam fechar seus arcos de forma mais coesa e dando espaço para que o novo DCU brilhe. É difícil saber se esse também será o destino de projetos no meio televisivo, pois muitas obras podem, de maneira isolada, focar apenas no universo e nas narrativas centrais desses personagens que, a depender de seu criador, não precise de uma maior conexão com o universo geral — como pode ser o caso de Teen Titans Go! mencionado acima ou de outros personagens como Sandman e Dead Boys Detective na Netflix.
É PRECISO TER ESPERANÇA
Foi doloroso acompanhar os difíceis anos da DC no entretenimento. Com altos e baixos em suas produções e uma enorme bagunça na gestão da Warner Bros. Discovery, era difícil enxergar que o estúdio poderia encontrar seu caminho. E ao que tudo indica, ele conseguiu.
É óbvio que o caminho não será fácil. Os produtores reconhecem que nem todos os projetos vão agradar a todos com uma unanimidade, mas se entendermos que as pessoas que agora comandam o DC Studios compreendem a grandeza desses personagens e o que eles representam, a chama de esperança que está dentro de cada um de nós acende com mais força.
Nos próximos meses teremos mais anúncios quanto a elenco e equipe de direção e roteiro de muitos desses projetos, e como já foi citado anteriormente, a expressão dos contadores dessas histórias será de extrema importância. Só nos resta torcer para que essas expectativas sejam bem atendidas a partir de agora.