Com o anúncio de um reboot no Universo DC, Besouro Azul chega aos cinemas sem a responsabilidade de ser o salvador da pátria de um universo em transição.

Ainda assim, o longa de Ángel Manuel Soto carrega consigo a responsabilidade de entregar uma boa história em meio a uma série de fracassos da Warner Bros. Discovery em seus filmes de super-heróis — além de um cansaço do público com filmes preguiçosos do gênero vindo tanto da DC como da Marvel.

Felizmente, Besouro Azul é uma aventura de heróis modesta e com personagens cujo carisma ganha nossa simpatia e ajuda a esconder muitos dos defeitos que o longa carrega.

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Após se formar na faculdade e voltar para sua cidade natal, o jovem Jaime Reyes (Xolo Maridueña) precisa encarar a dura realidade que sua família vem passando e precisa dar um jeito de ajudá-los. E no momento em que tudo parece dar certo, o rapaz esbarra com Jenny Kord (Bruna Marquezine) e com o Escaravelho, um artefato alienígena poderoso que o transforma no Besouro Azul.

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Toda história de origem de super-herói segue fórmulas, e Besouro Azul não foge disso. Contudo, o projeto de Soto e do roteirista Gareth Dunnet-Alcocer incorpora costumes e referências da cultura latino-americana que deixam essa jornada de origem mais divertida.

Apesar da falta de uma ambientação do mundo em que a história se passa, a presença da família de Jaime ajuda o espectador a conhecer mais sobre seus ideais e nos conecta a sua jornada pelo restante do longa.

O filme respeita e utiliza muito bem a mitologia do Besouro Azul dos quadrinhos desde 1939, mas são os mandamentos da franquia Velozes e Furiosos que nos levam a perceber que o foco da trama está em mostrar que a força do seu enredo (e de seu protagonista) está na família.

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As qualidades do roteiro, ao focar na família Reyes, são muito bem entregues pelo elenco, e o protagonismo de Xolo Maridueña consegue equilibrar o drama e humor de seu personagem através da narrativa com excelência.

Acredito que, com mais tempo, o filme pudesse explorar os dilemas do protagonista com seus novos poderes, trazendo muito mais da incrível performance do ator — e fico na torcida para que seu personagem ganhe o devido destaque após a confirmação de que ele retornará no novo universo DC.

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O papel de Bruna Marquezine também é um bom ponto a se discutir. Desde seu anúncio, criou-se uma grande expectativa sobre o desempenho da atriz dentro do longa. Expectativa essa que também criei e fico feliz em poder falar que foi muito bem atendida.

Sua presença vai além de um mero par romântico, pois Jenny Kord é a responsável pela criação do herói protagonista e também se faz relevante para explicar toda mitologia do escaravelho para os demais personagens e para o público geral.

Visto dentro e fora das telas, o carisma de Marquezine nos ajuda a simpatizar com sua personagem, e ela ganha muitos pontos nos momentos que a vemos junto ao personagem de Maridueña, pois a química entre os atores (nítida em diversos vídeos de bastidores) é muito gostosinha de se ver na telona, tirando um sorriso do meu rosto sempre que via os dois juntos — e me deixando com mais vontade de ver mais de sua personagem no futuro do DCU graças a sua importância dentro dessa mitologia.

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Mas nem tudo são flores em Besouro Azul. Como eu disse anteriormente, toda história de heróis segue uma fórmula, e os vilões vividos por Susan Sarandon e Raoul Max Trujillo também precisam fazer parte dessa lógica, mas ambos são mal desenvolvidos pelo roteiro.

Apesar dos esforços, a personagem de Sarandon representa o que há de mais fraco do estereótipo de empresários gananciosos com frases prontas em um filme, tirando todo peso de perigo que ela deveria representar.

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E a presença do vilão Carapax de Trujillo mostra um capanga que cumpre muito bem seu papel como segurança carrancudo, mas o texto falha quando tenta nos apresentar algo de relevante sobre seu passado no momento errado da história.

A falta de cuidado com os vilões nos deixa mais atentos às falhas do roteiro e me fez sentir que esses momentos poderiam ser substituídos por mais informações sobre o Escaravelho e a jornada de Jaime, mas nada disso conseguiu de fato me entediar ou me chatear com o resultado satisfatório ao final do longa.

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Apesar dos deslizes e do momento conturbado na Warner, Besouro Azul é um filme contido, divertido e com o coração no lugar certo. Ele nos apresenta um personagem com potencial para crescer ainda mais dentro do DCU — e que torço para que ele consiga cada vez mais destaque e possa trazer mais espaço para heróis latinos ganharem mais e mais destaque nas telonas.