A química entre protagonistas é o que rege um bom romance. Sem esse fator primordial, é difícil embarcar na história e nos apaixonar pela narrativa apresentada. Apesar de muitos no mercado, são poucos que deixam sua marca no gênero e que serão lembrados de primeira pelos fiéis telespectadores. O Amor Mandou Mensagem definitivamente não é um deles.

Com um roteiro pouco original e mesmo com o adicional de nomes de peso como o do casal Nick e Pryanka Jonas, além de ninguém menos que Céline Dion, o longa perde sua força com uma atuação rasa e mais do mesmo. No roteiro, a cantora que está preparando sua volta aos palcos depois de sofrer a perda do marido, se torna uma espécie de uma guru amorosa de um jornalista frustrado após o fim de um noivado a poucos dias do casamento e de uma jovem artista que perde o namorado em um acidente de carro e não consegue superar o luto.

Luto esse que provavelmente é a única parte que de fato foi interessante de acompanhar, mesmo que não tão profunda, explorando o fato de que Mira (Pryanka Chopra-Jonas) passa anos sem conseguir entrar em um novo relacionamento, abandonando o seu trabalho e desenhos profissionais e sem deixar de sair da casa dos pais. Esse é um sentimento interessante de se trabalhar porque simplesmente não há certo ou errado, e sim como as pessoas vão se identificar com a forma que o personagem lida com uma perda, que varia assim como na vida real.

Rob Burnes (Sam Heughan) é um crítico musical cético que ganha a tarefa de construir um perfil de Céline Dion. Mas o fato de não acreditar mais no amor chama a atenção da cantora, que tenta através de seus conselhos fazer com que ele se aproxime da moça que lhe manda mensagens misteriosas. Isso porque Mira, no auge de sua tentativa de superar a morte do ex, começa a mandar mensagens para seu antigo número contando de seus sentimentos, de como sente sua falta e do que anda acontecendo na sua vida. Número esse que por coincidência do destino cai na mão de Rob, que fica obcecado pelas mensagens.

Apesar de muitos dizerem que Céline rouba a cena do filme, aponto que as construções de atuação dela, em seu primeiro papel de cinema da carreira, são muito caricatas, o que impede uma identificação real com sua triste história de perda. Até mesmo as nuances entre o emocionante e o cômico, feito de maneira brusca, faz perder a atenção de quem assiste. Além disso, a piada batida faz com que tenhamos a impressão de que a direção não conseguiu nada melhor para o arco da cantora.

O filme, que é baseado no livro SMS Para Você, de Sofie Cramer, se entrega completamente aos clichês mais batidos do gênero: o momento que os dois se cruzam sem saber quem é um ao outro, a enganação, a demora em contar a verdade, a raiva momentânea, os desencontros e algum personagem tentando fazer os protagonistas se reconectarem. Algumas cenas chegam a ser divertidas, mas só.

A única coisa que podemos de fato nos deleitar é a adição das músicas de Céline Dion, potentes e falando de amor, que embalam os momentos mais comuns entre os dois. A atuação também não é de toda ruim, mas não há nada complicado e nem tanto carisma para ganhar uma menção honrosa ao trabalho.

De fato, o Amor Mandou Mensagem não vem para revolucionar os filmes de romance, mas até para ser um filme conforto de tarde de domingo tem pouca força. O fato de se repetir em muitos aspectos e de lembrar outros filmes só faz com que o longa se torne uma mistura de muitos e pouco de si. Decisão acertada ou não, esse é só mais um na multidão.