Se você acompanha as notícias do mundo do cinema, então você sabe bem que Hollywood está passando por uma greve de roteiristas e atores nunca antes vista na história do entretenimento. E uma das cláusulas da greve diz que todo ator, atriz e roteirista registrado em um dos sindicatos está proibido de participar dos processos criativos e dos circuitos de divulgação de seus projetos.
No mundo do entretenimento, o processo de marketing precisa de uma janela com, no mínimo, 60 dias para planejamento para ter a participação do elenco em entrevistas, tapete vermelho, participação em programas e sessões especiais que não são possíveis graças à greve.
Sem o planejamento prévio, a ausência do elenco nesses momentos de divulgação podem prejudicar — e muito — o alcance e o resultado de bilheteria ou audiência. Enquanto alguns estúdios tiveram de alterar suas campanhas de última hora, outros optaram por adiar seus projetos da janela de 2023 para 2024, e Duna: Parte 2 foi o mais novo filme a entrar na lista de adiamentos, tendo sua estreia de 2 de novembro deste ano adiada para o dia 12 de março de 2024.
Adaptada da obra de Frank Herbert, o primeiro filme da franquia foi lançado em outubro de 2021 em um momento atípico na história do cinema. Isso porque, com o impacto da covid-19, a Warner optou em fazer um lançamento simultâneo do projeto nas telonas no streaming do HBO Max, atitude que — mesmo no período pandêmico — afeta no resultado de bilheteria do projeto, mas foi o suficiente para conseguir uma sequência.
E no momento em que o cinema está com toda sua força e as grandes redes de cinema estão prontas para receber Duna como a maior estreia do final do ano, a chegada da greve gera um novo impasse na franquia.
Nomes como Zendaya, Florence Pugh e Timothee Chalamet são de extrema importância para que o estúdio trabalhe seu circuito de divulgação, e a ausência deles nesse momento poderia acarretar um resultado ainda pior do que em 2021.
O adiamento do novo Duna acabou dando uma vantagem a outras produções que lançariam nesse período, como é o caso de As Marvels. Acredito que Kevin Feige dorme mais feliz sabendo que o último longa do MCU em 2023 vai conseguir uma janela maior nas salas de cinema, principalmente nas salas IMAX.
O reposicionamento dessa data também muda todo cenário para a temporada de premiações do próximo ano. No Oscar 2022, o primeiro Duna levou seis estatuetas em categorias técnicas, e com a previsão de lançamento para 2023, criou-se uma expectativa para o resultado da sequência — que também poderia bater de frente com as categorias técnicas que Oppenheimer pode receber.
Apesar do apelo dos exibidores para que a Legendary e a Warner Bros. Discovery mantivessem a data de novembro — prometendo grande destaque e salas IMAX, acredito que optar pelo adiamento para o mês de março foi bastante assertivo.
Além do maior período de planejamento e da esperança do término da greve, o estúdio e a distribuidora tem em mãos uma excelente obra com enorme potencial para esse período de grande retomada que o cinema vem tendo. Só nos resta esperar pelas cenas dos próximos capítulos.