Fazer cinema no Brasil não é e nunca foi uma tarefa simples. A sétima arte passou por crises e revoluções no cenário nacional, todas atreladas ao momento politico social que estava vigente em seu momento, podemos citar como exemplo o cinema novo em meados da década de 50, com seu desejo de um cinema verdadeiramente brasileiro e de cunho social.

É com essas transformações, principalmente influenciado pelo já mencionado aqui, cinema novo e o toque Glauber Rocha de fazer cinema, que a cinematografia brasileira passa a entender sua estética e seu lugarzinho no mundo. Ela é intimista e provocativa, tende a mostrar de forma simples as complexidades e durezas da vida, mais precisamente do brasileiro que em alguns filmes chega a ser retratado como um verdadeiro sobrevivente. E é.

 

Para entender a complexidade posta pelas produções nacionais não precisamos ir para tão longe em décadas, é só observar o filme “Como nossos pais” (2017), com direção de Laís Bodanzky, na qual retrata a personagem Rosa (Maria ribeiro) e a solidão de uma vida agitada em que a personagem vive em uma especie de corda bamba para conciliar o péssimo relacionamento com sua mãe, marido, filhos e seus sonhos pessoais e profissionais. Esse é um daqueles filmes sobre tentar encontrar esperança no mar de desesperos.

Se formos para uns anos atrás é indiscutível o poder que “Central do Brasil” (1998) te dentro do cinema nacional. Tudo que envolve essa produção, com direção de Wallter Salles, passa perto da perfeição. A trilha sonora, a fotografia, o texto profundo que escancara faces escondidas do Brasil como abandono parental, analfabetismo, desigualdades regionais e sociais.

 

Contudo este é um filme que fala sobre esperança e a tentativa desesperada de encontrar um porto seguro, o amor e fugir do abandono sentimental e foi de uma forma trágica que os personagens Josué (Vinícius de Oliveira) e Dora (Fernanda Montenegro) encontraram na amizade um do outro tudo que procuravam. Esse também é um filme sobre saudade e medo do esquecimento, afinal é o medo de todos.

Voltando um pouco mais há algumas décadas passadas, encontraremos em 1964 um dos grandes nomes do Cinema Novo, que tinha o objetivo de mostrar os vários Brasis dentro de um só: Deus e o diabo na terra do Sol, do inquieto Glauber Rocha. Essa é uma das obras que mostra o poder irreverente do Cinema nacional que e meio ao contexto politico, utilizando e referenciando em seu texto a história da Guerra de Canudos, escancarou a fome e a exploração de trabalhadores e seu desejo incessante por uma vida digna. Assim, Glauber utiliza da história para explicar ela mesma. Não tem como não falar que essa é uma obra prima do áudio visual brasileiro.

Não negue, não tem como negar. O Cinema Nacional, apesar de ter erros grotescos em seu currículo, carrega o fardo de estar entre os maiores do mundo. Mesmo com pouco investimento, baixo orçamento cineastas, diretores, roteiristas e atores conseguem brilhantemente, ara o desespero dos que odeiam a arte e sua função, provocar, intimidar e questionar sobre nosso passado, presente e futuro. O cinema brasileiro cumpre a sua função.