Ao longo das décadas, o Flash se tornou um ícone para os fãs da DC, ganhando grande destaque participando de séries animadas e sendo adaptado para a televisão no canal CW. No entanto, quando se trata de sua transição para as telonas, a jornada tem sido bastante conturbada.
E mesmo com seu primeiro filme solo chegando nesta quinta-feira (15), nesta matéria vamos explorar a longa e desafiadora trajetória do velocista escarlate para o cinema.
Tudo começa nos anos 1980, quando a Warner Bros. contratou o roteirista Jeph Loeb (Batman: O Longo Dia das Bruxas e Demolidor) para desenvolver um filme para o Flash. Entretanto, Loeb acabou saindo do projeto cinematográfico e foi convidado pela DC para trabalhar em um roteiro para os quadrinhos, onde ele acaba escolhendo desenvolver o revival dos Desafiadores do Desconhecido — grupo criado pelo lendário Jack Kirby em 1957.
Já em 2004, muito tempo após o envolvimento de Loeb, a Warner ficou impressionada com o roteiro que David S. Goyer desenvolveu para o filme Batman Begins de Christopher Nolan, oferecendo a ele a oportunidade de trabalhar com outros personagens do universo DC: Flash ou Lanterna Verde. Goyer optou por escrever um filme solo do Flash, e Ryan Reynolds era a escolha do roteirista para dar vida ao protagonista Wally West, que Goyer acreditava trazer uma vibe similar a do Homem-Aranha para os filmes da DC.
Em fevereiro de 2007, Goyer anunciou sua saída do projeto em sua página do MySpace. De acordo com o roteirista, ele e o estúdio não conseguiram concordar sobre como seria a produção de um filme legal do personagem.
Dois dias após a saída de Goyer, a Warner chamou Shawn Levy (Free Guy) para dar continuidade ao trabalho deixado no roteiro e também dirigir o filme do herói. Entretanto, Levy decidiu abrir mão do projeto para focar na sequência de Uma Noite no Museu.
Ainda em 2007, David Dobkin (Penetras Bons de Bico) e Craig Wright (Lost) foram chamados para desenvolver o filme solo do velocista como um spin-off de Justice League: Mortal, filme que seria dirigido por George Miller (Mad Max) e tinha Adam Brody (The OC) e Anton Yelchin (Star Trek) escalados como Barry Allen e Wally West, respectivamente.
O filme solo do personagem acompanharia Wally após a trágica morte de Barry no filme da Liga da Justiça, mas a greve dos roteiristas de 2008 acabou prejudicando ambas as produções e a Warner estava disposta em investir em mais filmes solos dos heróis da DC após o sucesso do Batman de Nolan, o que criou um receio sobre ter mais de um Batman nas telonas.
Em 2009 o houve uma MAIS UMA nova tentativa de adaptar o herói para o cinema, quando a Warner contratou o produtor Charles Roven (O Cavaleiro das Trevas e Oppenheimer) e Geoff Johns (Stargirl) para desenvolverem o filme ao lado do roteirista Dan Mazeau (Velozes e Furiosos 10). Após muito tempo de desenvolvimento, a Warner voltou a abandonar o projeto e decidiu focar numa adaptação do Lanterna Verde com Ryan Reynolds.
E ainda remoendo o osso, em 2010 a Warner chamou Greg Berlanti (The Flash da CW), Michael Green (Blade Runner 2049) e Marc Guggenheim (Arrow) para escrever tratamentos de rotero para Lanterna Verde 2 (ainda incertos do resultado do primeiro filme) e The Flash, que dessa vez teria Barry Allen como protagonista após o retorno do personagem nos quadrinhos em A Noite Mais Densa, de Geoff Johns.
E adivinha só? Lanterna Verde chegou aos cinemas em 2011 e foi um fracasso para a Warner — tendo sua sequência cancelada, PORÉM, o filme solo do Flash ainda estava em desenvolvimento APESAR do anúncio de um universo compartilhado dos personagens da DC similar ao Universo Cinematográfico Marvel.
Após a estreia de O Homem de Aço em 2013, a Warner oficializou seu próprio universo de filmes com Zack Snyder encabeçando a produção de alguns dos projetos mais importantes da DC e com o anúncio de Ezra Miller como Barry Allen em 2014.
Durante a criação desse universo, o estúdio chamou James Wan (Invocação do Mal) e ofereceram dois projetos a ele: Aquaman e Flash. Wan optou por dirigir as aventuras de Arthur Cury (Jason Momoa) nos cinemas, dando ao Universo Estendido da DC seu primeiro (e único) filme a bater 1 BILHÃO de dólares na bilheteria. E foi a partir daí que começou a jornada por um diretor para as aventuras do Flash.
Phil Lord e Chris Miller (Homem-Aranha no Aranhaverso), Seth Grahame-Smith (Orgulho e Preconceito e Zumbis), Rick Famuyiwa (Mandaloriano), Robert Zemeckis (De Volta para o Futuro), Matthew Vaughn (Kingsman), Sam Raimi (Homem-Aranha), Marc Webb (O Espetacular Homem-Aranha), Jordan Peele (Corra!), John Francis Daley e Jonathan Goldstein (Dungeons and Dragons: Honra entre Rebeldes) e Ben Affleck (Argo) foram nomes cogitados e que até chegaram a assinar para comandar o projeto, mas divergências criativas com o estúdio e conflitos de agenda os afastaram do projeto — que agora se chamava Flashpoint com base no maior arco do herói nas HQ’s.
Chegou um momento na produção que o próprio Ezra Miller se juntou ao lendário quadrinista Grant Morrison (Patrulha do Destino) para que juntos eles desenvolvessem um roteiro para o longa, mas o estúdio deu um basta nisso e finalmente oficializou Andy Muschietti (It: A Coisa) e Christina Hodson (Bumblebee) como diretor e roteirista do projeto, respectivamente.
E após todo esse inferno de desenvolvimento (sem contar com as polêmicas envolvendo o ator protagonista), Flash vai FINALMENTE chegar aos cinemas para dar um ponto final no bagunçado universo DC deixado por Zack Snyder e que abrirá portas para o novo universo DC comandado por James Gunn daqui em diante. Nos resta agora esperar para que o resultado final seja positivo para o herói e para esse universo.
